[NARRATIVAS] Matheus Mariano


Matheus Mariano, 2012


          Se me perguntassem sobre as minhas lembranças das aulas de educação física, ou qualquer coisa relacionada ao assunto, antes de entrar para o curso de licenciatura em educação física com certeza não escreveria sobre a memória que narro neste texto, mas foi a que mais me fez refletir, por isso decidi compartilhá-la.
          Quando eu era bem novo, entre a alfabetização e a 1º série, no meu colégio teve uma festa do Dia das Crianças, com várias atividades recreativas. Entre essas estava a que me marcou.
          Naquele tempo estudava em uma escola bem pequena, com pouca infraestrutura, mas as aulas dos professores valiam muito. Alunos e professores eram muito próximos, inclusive, eu era muito próximo da professora de português, pena que não consigo lembrar o nome dela. Naquele evento já era quase meio-dia quando ela propôs um concurso de dança. Estávamos com fome, cansados e com vontade de ir embora, no entanto, ela derrubou todas as probabilidades de fracasso e fez tudo dar certo.
          Já li textos sobre dança na escola e sei das dificuldades dos professores para introduzir essa matéria no currículo escolar. Porém, não aconteceu nenhum empecilho naquele dia. Minha professora apenas disse para formarmos pares e que dançássemos ao som da música. O par que dançasse melhor, segundo o julgamento dela, ganharia chocolates. Lembro que ninguém ligou se os pares eram formados, necessariamente, entre meninos e meninas, só se juntaram com quem se sentiam mais à vontade. A pluralidade se fez naturalmente.
          Os pares foram formados, não ouvi nenhum menino reclamando e não vi nenhum deles inibido com a dança, apenas cada um dançava como queria com o seu par. Foi simples, contudo uma grande lição para mim.