A LINGUAGEM NÃO VERBAL NA ESCOLA: O CORPO-DOCENTE COMO POSSIBILIDADE DIDÁTICA

Ao se conceber o sujeito como corpo atuante no âmbito pedagógico – e não o corpo como mero elemento utilitarista –, possibilita-se que o professor tome consciência de suas capacidades expressivas corporais, amplie as estratégias e as formas de atuar no processo ensino-aprendizagem. Nesse direcionamento, esta investigação teve como escopo despertar reflexões sobre a consciência dos professores acerca de seu próprio corpo-docente e de suas possibilidades didáticas, tracejando ainda, para tal fim, possíveis vieses para o despertar da consciência corporal docente a partir da relação entre o trabalho pedagógico e as artes cênicas (teatro). Considerando a natureza subjetiva do estudo (sendo, pois, de uma abordagem qualitativa), a pesquisa detém um caráter descritivo utilizando-se da abordagem fenomenológica para a análise e interpretação dos dados coletados. O estudo realizou-se na EMEF Dr. José de Borba Vasconcelos, situada no município de Maracanaú (CE), com a participação de quatro professores lotados na referida escola (docentes de Artes, História, Ciências e Matemática). A partir das observações e descrições realizadas pelo pesquisador (primeira fase da pesquisa), foram levantadas as unidades de significado, partindo-se dos parâmetros sugeridos pelos objetivos apontados acima. Identificando-se as unidades de significado, foram definidas as categorias em que aquelas seriam distribuídas (segunda fase – redução fenomenológica). Em seguida, foram efetivadas as análises ideográfica e nomotética como fase derradeira da investigação, em que foram discutidas as impressões gerais acerca dos fenômenos descritos e analisados na primeira fase e na segunda fase, respectivamente. Foi demasiado positivo, para os fins desta investigação, o fato de os professores observados, em sua unanimidade, terem utilizado os recursos referentes ao seu próprio corpo e às suas capacidades não verbais como forma de incrementar a qualidade da comunicação professor-alunos. Todos os sujeitos da pesquisa souberam utilizar, de uma forma ou de outra, a linguagem corporal de forma teatralizada, de modo consciente ou inconsciente. Independente do modo como era explorado, o recurso da teatralização dos gestos, das posturas e das entonações foi um dos fenômenos de maior grau de convergência em todas as feitas postas em sondagem pelo pesquisador. Nessa perspectiva, ainda há muito a ser estudado no que tange a este tema; contudo, pode-se declarar, com alguma satisfação, a partir do que foi levantado neste estudo, que as descobertas vindouras certamente poderão acarretar efeitos imensamente positivos para uma educação que tenha como centro a pessoa humana em todas suas dimensões, em toda a sua plenitude e corporeidade.

Autor: José Holanda de Lima Neto

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