DEPOIMENTO MAPA DO PERCURSO

Compartilhamos o depoimento da estudante Lívian Valéria sobre a experiência de aprendizagem na disciplina de Fundamentos Filosóficos da Educação Física em 2018.2, ministrada pela Profa. Tatiana Passos Zylberberg
Meu Mapa do Percurso Filosófico
LÍVIAN VALÉRIA OLIVEIRA DA SILVA
Estudante de Bacharelado em Educação Física
IEFES – Universidade Federal do Ceará (UFC)
“O que eu aprendi nas aulas de fundamentos filosóficos da Educação Física?
De uma coisa eu sei, aprendi muito mais do que apenas Fundamentos Filosóficos da Educação Física.
Na primeira aula, já me foi ensinado que cada um com sua individualidade vê o mundo de formas diferentes, e temos que respeitar isso, na nossa vida e na nossa profissão. Me foi falado também que as nossas experiências às vezes nos fazem ver o mundo de uma forma mais dura e mais triste, e por isso temos que pensar nisso quando formos trabalhar com pessoas de diferentes personalidades e vivências.
Aprendi que sentido x razão iriam ser vistos mais para frente como coisas separadas, sem integração. E que mais na frente ainda, seriam vistos de forma integrada.
Aprendi no nosso início de caminhada que nessas aulas, nessa matéria a gente iria aprender a filosofia e além disso, principalmente, a ver o outro e o mundo com olhos mais compreensivos.
Ao longo do caminho, fui colocada para ter experiências, para mim, um pouco estranhas. Fui desafiada a tocar e ser tocada, a conhecer o corpo dos meus colegas com os sentidos. Zona de conforto? Isso não existiu.
Fui ensinada sobre a Antiguidade Ocidental, sobre Platão, Sócrates e Aristóteles, cada um com sua visão dualista de corpo x mente, aprendi que nosso corpo mesmo na antiguidade era valorizado tanto para a estética, para a apreciação alheia, mas tão pouco para o saber, e percebi que algumas coisas nunca mudam, não é mesmo?
Falando de mente, fui submetida a escrever em uma folha de tudo o que me viesse a cabeça, e eu nem sabia que sabia fazer isso. Sempre penso muito antes de escrever, antes de agir e aquilo me fez ver, relendo o que eu escrevi, o quão bom é falar sem se interromper, sem se filtrar, sem pensar, desde que não machuque ninguém. Saíram as coisas mais naturais e espontâneas possíveis, o meu eu mais íntimo, mais louco e bonito.
Relembrei também o quão censurado e depreciado nosso corpo foi na Idade Média, e quantas sequelas isso trouxe a nossa sociedade atual. Qual razão nos faz acreditar que nosso corpo é futilidade? Que cuidar dele é em vão? Que a alma se sobrepõe a ele? Várias razões. Mas aprendi com a Tatiana e com a filosofia que essas razões foram, são e devem ser questionadas.
Quem disse que Educação Física é só jogar bola? É só cuidar do corpo?
Quem disse que cuidar do corpo não é cuidar da mente?
Quem disse que nosso corpo não tem consciência?
A filosofia me mostrou que Descartes disse que só há consciência da res cogitans.
E aí eu te pergunto, como meu/seu corpo que sente, que deseja, que sofre, que percebe não tem consciência?
Veio Spinoza, sábio, mostrar que ele tem emoções, que ele é afetivo, e que além de tudo, ele é poderoso. Quem sabe o que pode um corpo? Você sabe? Então porque o subestimamos e o desvalorizamos? Spinoza disse também, respondendo ao questionamento, que cuidar da mente e cuidar do corpo é cuidar de uma só vez dos dois.
E depois veio mais um filósofo mostrar que eu, você, nós somos nossos corpos. De acordo com Merleau-Ponty não temos, somos, da forma mais fenomenal possível. O corpo a forma de ser no mundo e também tem consciência. Meu corpo é o que eu sou, meu corpo me representa, meu corpo faz eu me conhecer e conhecer o outro.
Em todas essas aulas de 2018.2, toda quarta-feira, de 8 às 12, todas essas experiências vividas, comigo mesma e com os outros, me fez ver que aprender pode ser bom, pode ser prazeroso, pode ser livre, pode ser até estranho e fora da zona de conforto, mas que nem sempre é bom estar toda hora no mesmo lugar. E que minha profissão irá me fazer lidar com diferentes corpos com diferentes histórias, mas que todos têm potencial e não devem ser nunca desacreditados.
Nosso corpo pode ser e fazer o que quiser. Uma coisa que aprendi profundamente e que vou levar para a vida toda, é que a “liberdade assusta”, mas no final, ela nos faz o que queremos e muitas vezes não conseguimos ser.
Aprendi desde o primeiro minuto, que aprender não é só se apropriar de teorias para passar na disciplina, aprender é enxergar os sentimentos que tenho sobre mim, ciente de que desenham o percurso de como vou passar pela Vida”.
- LÍVIAN VALÉRIA OLIVEIRA DA SILVA