[NARRATIVAS] Alexandra Nobre


Alexandra Nobre, 2012


          Lembro-me de uma primeira infância com algumas brincadeiras recreativas, mas nada tão sério, pois não realizávamos as aulas com um(a) professor(a) de Educação Física propriamente, pois eram as próprias professoras pedagogas que adotavam e trabalhavam todas as atividades conosco em sala e fora da mesma. Eu sempre gostava do momento em que diziam que era recreativo, pois era sempre após as aulas em sala e recordo-me ainda, que sempre depois da agitação tinha o momento de relaxar, ou seja, a volta à calma, acontecia isso também depois de todo recreio, todos os dias para retornarmos às aulas do segundo tempo.
          Enfim, no ensino fundamental tive um professor de Educação Física, ele era o único da escola. Não recordo de nenhuma aula teórica e, realmente, não tivemos nenhuma aula teórica com o mesmo. Nas aulas práticas alguns elementos básicos estavam sempre presentes, como o futebol para os meninos, o vôlei ou a carimba para as meninas e, assim se faziam as aulas. Poucas eram as meninas que se interessavam pelo futebol, e quanto ao vôlei e à carimba, alguns meninos gostavam, mas eles tinham a maior referência no futebol, notava-se que era como se tivessem uma forte necessidade de que se fossem homens teriam que jogar o futebol, para se afirmarem como tais.
          A maioria das aulas no fundamental era tida pelos alunos como uma aula qualquer, pois não existia aquela expectativa sobre uma aula diferente e inovadora da nossa parte, pois o professor sempre liberava a bola, e disso se faziam as aulas. E sempre acontecia a mesma coisa, os meninos iam logo para a quadra de futsal e se apoderavam do jogo sem dar sequer alguma oportunidade para as meninas.