[NARRATIVAS] Iury Castro

Iury Castro, 2016

A Educação Física geralmente é vista como um tipo de recreação nas escolas, onde os alunos não levam muito a sério as aulas ou alguns professores não ministram as atividades da maneira correta, porém essa é outra questão. Como por exemplo, colocar todos os alunos em uma quadra com uma bola e deixa-los a vontade para fazer o que quiserem é a forma mais vivenciada de todos os tempos, entretanto vivenciei experiências bem diferentes que um profissional em questão transformou essa visão.

Em 2007 no ensino fundamental conheci uma professora chamada Emanuella, que tinha características encantadoras, era simpática, engraçada, alegre e com uma vontade de lecionar a ponto dos olhos delas brilharem ao entrar na sala de aula, porém a minha turma em questão seria um desafio profissional e até pessoal para ela, pois ensinar jovens da periferia e suas diversas complicações não seria uma tarefa fácil.

No início das aulas muitos conflitos foram gerados, pois quando chegava o dia da aula de educação física meus colegas apenas queriam a quadra e a bola liberadas para eles mesmos curtirem à prática de futebol, porém a professora tinha uma visão contrária a esta cultura de “rola bola” e claro que ela queria mudar tudo isso. Então nas aulas seguintes ela criou uma tabela com algumas modalidades das quais gostaria que todos tivessem conhecimento, como vôlei, basquete, handebol, atletismo e até natação por mais que na escola não tivesse uma piscina, porém a turma, ou melhor, os meninos criaram uma resistência, pois apenas queriam pegar a bola e sair chutando e chegavam até a ameaçá-la se não cedesse ao o que eles queriam. 

Então a professora resolveu trabalhar em cima dessa resistência, já que a maioria queria o futebol, decidiu organizar um jogo de futebol dentro da sala de aula, onde tinha o juiz, os bandeirinhas, os jogadores e até a arquibancada, isso para ensinar o histórico, as regras, a cultura do esporte, pois a mesma desejava dar aulas teóricas. Esse método aguçava a turma, os meninos perguntavam sobre coisas que eles desconheciam, tiravam suas dúvidas e aprendiam que o futebol era muito mais que apenas chutar uma bola. 

Com o processo bem-sucedido a professora ganhou cada vez mais a credibilidade da turma, podendo ensinar as outras modalidades na teoria e aplicando de forma satisfatória na prática, até se tornando uma verdadeira amiga, ajudando os colegas da turma com problemas familiares, sociais e com envolvimento com drogas.

Em resumo minha turma era como um time de futebol que não ganhava nenhuma partida há várias rodadas de um campeonato, onde precisava de um técnico que os orientassem como ser um atleta com resultados positivos dentro e fora do campo.